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Origem na boca 2017-12-26T11:34:18+00:00

Origem na boca

As halitoses de origem oral ainda são as mais frequentemente encontradas em clínica. Geralmente estão associadas a fenómenos de necrose ou putrefacção mediada por bactérias. Existem três tipos de prova que fundamentam que as bactérias presentes na cavidade oral são agentes produtores de halitose.

Primeiro, in vitro, quando se adicionam substratos orgânicos (ex: restos alimentares) a meios de cultura com bactérias orais, estas produzem compostos de halitose, e in vivo, a produção de CSVs pode ser imediatamente induzida se forem providos péptidos e aminoácidos ricos em enxofre à boca.

Em segundo lugar, a intensidade da halitose geralmente diminui ao serem eliminados substratos orgânicos e microorganismos. Exemplos disso são a escovagem dos dentes e a limpeza da língua. Terceiro, o uso de agentes antimicrobianos de utilização tópica oral (elixires) podem em alguns casos reduzir a halitose (quando esta está relacionada com bactérias orais), ainda que com um efeito de curta duração.

Bactérias e sulfatos voláteis

As causas orais estão quase todas relacionadas com a acção de bactérias sobre substratos de matéria orgânica que, geralmente, causam um mau odor. Um dos factores contributivos é a presença de sangue, que muitas vezes promove o desenvolvimento de Porphyromonas gingivalis. Todas as causas de sangramento teoricamente podem causar halitose, pois a acção de algumas bactérias proteolíticas sobre o sangue pode gerar diversos compostos voláteis. O sangue proporciona produtos de decomposição, como são exemplo os péptidos, que contêm enxofre e aminoácidos, fontes possíveis de CSVs.

A má higiene oral foi uma das primeiras causas de halitose a ser identificada desde os tempos antigos. Estudos epidemiológicos têm demonstrado que quanto menor for o índice individual de higiene oral, maiores são as concentrações de compostos sulfurados voláteis (CSVs) presentes no ar expirado. Também foi demonstrado que mesmo em pacientes sem halitose, um programa de higiene oral, incluindo uma sessão de profilaxia profissional (limpeza com um dentista), motivação e instrução para uma melhor higiene oral, é capaz de reduzir o sangramento gengival e os níveis de CSVs orais em 34% durante um período de quatro semanas. Ao contrário do que a maioria das pessoas possam pensar, estudos mais recentes têm demonstrado que a utilização de fio dentário e a limpeza regular da língua, são mais decisivos no controle da halitose que o uso regular de elixires orais ou a frequência de escovagem dos dentes.

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Língua saburrosa

A ocorrência de língua saburrosa é das causas mais comuns de halitose, pois esta constitui o maior nicho de microrganismos na cavidade oral. Foi demonstrado que a camada de matéria orgânica e bactérias sobre o dorso da língua, ou saburra, é significativamente maior em pacientes com halitose. A predisposição para a acumulação e estagnação de bactérias e resíduos alimentares varia mediante diversos factores, entre estes, a morfologia do dorso da língua (papilas linguais são elevadas). Mesmo em indivíduos saudáveis, sem antecedentes de halitose e doença periodontal, a língua é o principal local de produção de compostos voláteis de enxofre. Fenómenos de rinorreia posterior e refluxo gastroesofágico podem contribuir também para a formação deste substrato sobre o dorso da língua.

Doença periodontal

A halitose está também associada com a doença periodontal (conjunto de patologias relacionadas com os tecidos de suporte dos dentes como a gengiva, o ligamento periodontal e o osso alveolar). Os pacientes com periodontite crónica geralmente apresentam uma maior concentração de CSVs intra-orais, juntamente com outros sinais típicos deste quadro: sangramento gengival, presença de cálculo/tártaro, mobilidade dentária, presença de bolsas subgengivais/periodontais, entre outros. Outras condições periodontais, como a peri-implantite, a gengivite ulcerativa necrotizante aguda (GUNA), a periodontite ulcerativa necrosante aguda (PUNA), e o cancrum oris (ou noma), também podem ser causas de halitose.

Secreção salivar

A saliva também desempenha uma função importante. Várias situações que interferem com a função salivar podem induzir a halitose. É o caso dos jejuns prolongados (sem actividade mastigatória que estimule a produção de saliva), ritmo circadiano do sono, certos medicamentos que diminuem o fluxo salivar, falar continuamente, e o exercício físico. O pH (mais alcalino), a concentração de oxigénio (menor) e a composição salivar (aumento da presença de células epiteliais e restos celulares) influenciam a produção de CSVs. A explicação para o aparecimento halitose a partir de saliva residual deve-se à capacidade de certos compostos odoríferos (por exemplo, indol, escatol, putrescina, cadaverina, entre outros) têm para volatilizar em tecidos orais.

Neste caso, a espessura da película salivar (resíduos de saliva) parece ser crucial. Quando menor a espessura, maior a volatilização destes compostos. Além disso, uma menor quantidade de saliva favorece o acúmulo de bactérias e matéria orgânica na boca, pois diminui o potencial de clearance/auto-limpeza. Também diversos medicamentos amplamente utilizados pela população podem diminuir o fluxo salivar. São comummente denominados de medicamentos xerostómicos, e são exemplos disso os anti-depressivos, anti-psicóticos, anti-hipertensivos, inibidores de bombas de protões, entre outros.

Outras fontes de halitose

Outros problemas relacionados com a actividade bacteriana, focos infecciosos, e respectivas acções sobre diferentes substratos de matéria orgânica, podem gerar halitose. Estes substratos geralmente são restos de alimentos, sangue e tecido do próprio organismo que desencadeiam necrose e putrefação, com ou sem secreção purulenta. Entre estas estão a pericoronarite, alveolite, abcessos e outras colecções de pús, aftas e outras úlceras orais, retenções alimentares interproximais, exposição pulpar com necrose, restaurações debordantes, estomatites, feridas cirúrgicas, candidíase, cáries extensas, piercings linguais, quisto dentígero (quando drena por uma fistula para a cavidade oral), a parasitose miíase, escorbuto, histiocitose, leucemia (estas últimas quando se manifestam por úlceras bucais/hemorragia espontânea), e as neoplasias. As próteses removíveis demasiado porosas, especialmente as mais antigas feitas com materiais de menor dureza podem ser causa de halitose (o mesmo se aplica em relação ao seu uso nocturno).

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Conceito

Falamos da halitose sem complexos, para que melhor compreenda a terminologia que usam os académicos.

1. O que é a halitose?
2. Consequências psicológicas e sociais
3. O mau hálito ao longo dos tempos

Causas

Descubrimos as mais de 80 causas que podem provocar halitose, segundo os estudos e investigações internacionais mais recentes.

1. Os compostos de mau odor
2. Patologias associadas
2.1 Origem na boca
2.2 Origem no aparelho respiratório
2.3 Origem no tubo digestivo
2.4 Origem sistémica, nutrição e hábitos
2.5 Origem neuropsicológica

Diagnóstico

Identificamos os métodos clínicos mais eficazes para estabelecer um diagnóstico preciso sobre a origem da halitose ou mau hálito e, posteriormente, realizar o tratamento mais adequado.

1. Métodos de diagnóstico
1.1 Auto-percepção
1.2 Provas organolépticas olfactivas
1.3 Medição dos gases do hálito
1.4 Provas laboratoriais
2. Impacto na qualidade de vida
3. Sinais e factores associados